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terça-feira, maio 06, 2008

Oi amigos encontrei na Internet este resumo do livro Tecnopólio, se alguém tiver interesse...

TECNOPÓLIO

Conceito

O conceito de Tecnopólio emerge não apenas do título "Tecnopólio: a rendição de uma cultura à tecnologia" mas, de diversas passagens do capítulo 5. Assim, podemos compreender Tecnopólio, segundo Neil Postman, como:




a rendição de uma cultura à tecnologia.



"termo usado, com acerto, para uma cultura cujas teorias disponíveis não oferecem orientação sobre o que é informação aceitável no terreno moral" (p.87)



"idéia de mundo do século XX que funciona não apenas sem uma narrativa transcendente para proporcionar a escora moral, mas sem fortes instituições sociais para controlar o fluxo de informação produzido pela tecnologia". (p.90)



"é um estado de cultura" e também "um estado de mente"



"Consiste na deificação da tecnologia" (p.79) à qual a cultura se submete de forma absoluta e sem crítica. "O progresso técnico é a realização suprema da humanidade e o instrumento com o qual podem ser solucionados nossos dilemas mais profundos" (p.79). "(...)a informação é benção pura, que com sua produção contínua e não controlada e sua disseminação oferece mais liberdade, criatividade e paz de espírito".



É uma doença produzida pelo colapso institucional no controle das informações. " Um sistema imunológico destrói as células não desejadas. Todas as sociedades têm instituições e tecnicas que funcionam como o sistema imunológico.O objetivo delas é manter um equilíbrio entre o novo e o velho, entre a novidade e a tradição, entre o sentido e a desordem conceitual e fazem isso ‘destruindo’ a informação não desejada". (p.80). "O tecnopólio floresce, em particular, quando as defesas contra a informação são destruídas" (p.79)

Conseqüências do Tecnopólio



"Colapso da tranqüilidade psíquica": "Sem defesas, o povo não tem como encontrar sentido em suas experiências, perde sua capacidade de memória e tem dificuldade para imaginar futuros razoáveis".(p.80)



Colapso do "propósito social"



Fonte de confusão e incoerência.



Instituições Sociais que deveriam ter a função reguladora das informações



a família: "No ocidente, a família como instituição para a administração não biológica começou com a ascendência da imprensa. Quando os livros sobre todos os temas imagináveis se tornaram acessíveis, os pais foram forçados os papéis de guardiães, protetores, alimentadores e árbitros do gosto e da retidão". "Sua função era definir o que significava ser criança, excluindo dos domínios da família as informações que fossem minar esse objetivo."(p.83)



os Tribunais de Justiça: "Quase todas as regras para a apresentação de provas e para a conduta daqueles que participam de um julgamento destinam-se a limitar a quantidade de informação que se permite entrar no sistema".(p.81)



A escola: "O catálogo de uma universidade relaciona cursos, assuntos e campos de estudo que, no conjunto, equivalem a uma declaração certificada do que um estudante sério deve pensar. (...)podemos saber o que um estudante sério não deve pensar, notando o que é omitido no catálogo"( p.82)



A religião: "A bíblia dá várias instruções sobre o que se deve e não se deve fazer, bem como nos orienta que linguagem evitar (...), que idéias evitar (...) que símbolos evitar (...)



A teoria da ciência, como a religião, também exerce função de controle pois não admite a astrologia, a dianética, o criacionismo.




o partido político: a ideologia partidária estabelece o que deve ser pensado. Assim: "O partido republicano representava os interesses dos ricos , que, por definição, não se preocupavam conosco". (...) "O princípio geral era de que a informação dada pelos democratas sempre devia ser levada a sério(...)" "a informação dada pelos republicanos era lixo, e só era útil porque confirmava que os republicanos só serviam aos próprios interesses".



o Estado: administra a informação "por meio da criação de mitos e histórias, que expressam teorias sobre questões fundamentais(...)" " (...)deve manter perto do coração as narrativas e símbolos que um dia fizeram dos EEUU a esperança do mundo e que ainda podem ter bastante vitalidade para você fazer de novo"

Meios de controle do Tecnopólio contra o excesso de informação

a burocracia (formas padronizadas)- "é uma série coordenada de técnicas para a redução da quantidade de informações que requer processamento". A forma padronizada controla as informações reduzindo-as à impessoalidade e objetividade necessárias à eficiência.

Efeito burocrático: explosão de informações;

Postman compara o burocrata ao carrasco nazista Eichman por executarem ambos, normas sem se responsabilizarem sobre as consequências que podem as mesmas fazer incidir sobre os seres humanos.

a especialização ("tecnicalização de termos" e "formas padronizadas").


Os especialistas surgiram em decorrência:

a – do crescimento da burocracia. (Especialistas-enquanto-ignorantes).

b – do enfraquecimento das instituições sociais tradicionais – perda de confiança no valor da tradição.

c – da torrente de informações que tornou impossível possuir mais do que uma pequena fração da soma total do conhecimento humano.

Função dos especialistas: selecionar informações relevantes para aplicá-las em uma dada situação. (Segundo Postman, isto funciona em situações problemáticas técnicas nas quais não há conflito com o propósito humano).

maquinária técnica: Indispensáveis à burocracia e à especialização. Tipos: hard: os computadores ; softer: testes psicométricos, taxionomias, formas padronizadas, e pesquisas de opinião.)

Resistência contra o Tecnopólio

"Ninguém é especialista em como viver a vida" mas..."você deve tentar ser um amoroso combatente da Resistência". (p.188). É um resistente ao tecnopólio aquele que "mantêm uma distancia epistemológica e psíquica de qualquer tecnologia, de forma que ela sempre parece um tanto estranha, nunca inevitável, nunca natural". A instituição mais apropriada, segundo o autor, para combater o "poder desintegrador do tecnopólio" é a escola. "...talvez a contribuição mais importante que as escolas podem dar para a educação de nossos jovens, seja dar a eles um senso de coerência em seus estudos, um senso de propósito, sentido e interconexão com o que aprendem." Este objetivo seria atingido mediante a elaboração de um currículo do qual façam parte: a história (em si e como história de cada disciplina estudada), as filosofias da ciência, a semântica, a tecnologia e a religião.

Comentário: O que se pode observar após a leitura desta obra de Neil Postman, como representante que é do neo-ludismo, é o caráter dogmático e normativo que permeia seu texto e também sua concepção de instituições sociais. A despeito de dizer textualmente que "ninguém é especialista em como viver a vida"(p.188) e ser contra a especialização (p.93-98), detêm-se – como possivelmente faria um especialista onipotente (dono da "verdade") – a explicitar como devem ser pessoas e instituições. Seu texto representa a nosso ver, uma apologia à tutela do pensamento, à manutenção do estado de menor idade mental. Tais idéias desafiam nosso entendimento de desenvolvimento do ser humano, de sua constituição como indivíduo a repousar na aquisição da autonomia de pensamento.

Kant, (p.11-12) em Resposta à pergunta: o que é o Iluminismo?( apud Maria Cristina Borges Gondim em Autonomia do Pensamento: um estudo psicanalítico) assim se refere à questão:

"...É tão cômodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um diretor espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide a dieta, etc... então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícl e também muito perigosa é que os tutores de boa vontade tomaram a seu cargo a superintendência deles... São, pois, muito poucos os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito arrancar-se à menoridade"

No campo institucional, Postman parece mais preocupado com as questões pertinentes à Moral do que com aquelas concernentes ao Poder (Política): o que transforma sua obra vulnerável a mais críticas.

Lílian Maria Ribeiro Conde

2 de julho de 1999