Olá, Esse é o blog da nossa turma, um lugar para compartilhar nossas idéias e descobertas em Educação, Comunicação e Tecnologia. Um lugar em que podemos estar juntos virtualmente, aproveitando as oportunidades que o ciberespaço nos oferece para co-participarmos das aprendizagens uns dos outros, do proceso de co-criação e da construção coletiva do conhecimento.

segunda-feira, abril 21, 2008

A distância entre o texto escrito e a vida

São tantas coisas escritas, tanto se diz sobre assuntos completamente desnecessários que atualmente assim é feita a censura. Em tempos de ditadura militar, onde o acesso à informação era “coisa perigosa”, o controle do que era informado, a negação das informações era muito importante para o poder e para quem estava no poder. Hoje, como o inimigo não é visível, a censura se dá no excesso de informação. A ditadura da informação.

Nunca tivemos tanta informação disponível e de tão fácil acesso. Podemos saber, em dois ou três cliques, sobre o casamento da semana, sobre a morte de alguém, ou de muitos, guerras, tragédias, “finais-felizes”. Sabemos de queimadas da Amazônia, cachorrinhos de madames, salmões defumados, a carne, a soja, a cotação do dólar, do iên, do euro, libras, real. Muita, mas muita informação abarrotam TVs, sites, jornais, revistas e uma infinidade de outros meios que o sistema inventa e perpetua para que as pessoas “ficar sabendo das últimas”.

Recebemos tudo isso de mentes e corações abertos. Como se uma notícia veiculada por um canal específico de comunicação fosse a “reza do dia”. Absorvido o conteúdo, ele tem que ser instantaneamente descartado para que o próximo seja absorvido, e também descartado, para dar lugar ao próximo, depois ao próximo e assim ficamos o dia inteiro absorvendo informação, semanas, meses, anos. Se questionada ao final do dia sobre três acontecimentos importantes, uma pessoa não consegue enumerar. E se consegue, não sabe o que essas informações tem haver com a sua vida, com a sua comunidade.

Por essas e outras, acredito no poder criativo de “agentes catalisadores”. São pessoas que conseguem enxergar o invisível, ouvir o que não foi dito. Pessoas que intensificam a revolução. Não aquela com armas ou tecnológicas, mas sim, aquela que acontece dentro das mentes e do espírito, uma revolução da percepção do mundo e da vida. Nada é por acaso.

Falar ou escrever sobre coisas pequenas. Compactuar com a futilidade, a instantaneidade, o raso, o vil, acaba sendo contribuir para essa censura no excesso. Se morre pela boca. Se cresce pelos ouvidos. “Nunca falamos tanto. Mas será que estamos ouvindo?”

Leandro Pellizzoni