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quinta-feira, maio 15, 2008

A ORDEM DO DISCURSO

FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Tradução: Laura Fraga de Almeida Sampaio. 14.ed. São Paulo: Loyola, 2006.

Tal livro é fruto de uma pronunciação de Foucault em uma aula inaugural ao assumir a cátedra vacante no Collège de France. O autor desvenda neste texto a relação entre as práticas discursivas e os poderes que a permeiam, desvelando assim, na primeira parte, a idéia de que “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar”. Foucault se refere a procedimentos de exclusão que presenciamos em nossa sociedade constantemente, a interdição. Como ele afirma “sabe-se bem que não se tem o direito de dizer tudo, que não se pode falar de qualquer coisa” e que as regiões mais cerradas são as da sexualidade e as da política. Embora os discursos pareçam simples e sem muita importância, eles carregam em si a ligação com o desejo e com o poder.
Para ele ainda existe outro principio de exclusão em nossa sociedade: uma superação e uma rejeição, e pensa na oposição razão e loucura. Era através das palavras que, na Idade Média se reconhecia a loucura de alguém e suas palavras não eram ouvidas, não eram consideradas. Para ele atualmente as palavras dos loucos são escutadas, mas a separação ainda existe embora se apresente de outro modo, na forma de quem é autorizado a ouvir - médicos, psicanalistas - e ao paciente que traz suas palavras para serem retidas, e “se é necessário o silêncio da razão para curar os monstros, basta que o silêncio esteja alerta, e eis que a separação permanece”.
Foucault aborda três grandes sistemas de exclusão que atingem o discurso: a palavra proibida, a segregação da loucura e a vontade de verdade. Para ele o terceiro sistema, a vontade da verdade, é que permeia sempre os dois primeiros itens e de que menos se fala. Aos nossos olhos só aparece uma verdade que seria riqueza, fecundidade, força doce e insidiosamente universal, mas ela se apresenta quando se assume a tarefa de justificar a interdição e definir a loucura.
Para o autor também existem além dos procedimentos externos os internos, que funcionam a título de princípio de classificação, de ordenação, de distribuição, como se se tratasse de submeter outra dimensão do discurso: a do acontecimento e do acaso.
Outro procedimento abordado fortemente por Foucault é a disciplina, que segundo ele é um princípio de controle da produção do discurso, ela lhe fixa os limites pelo jogo de uma identidade que tem a força de uma reatualização permanente das regras. Uma posição deve preencher exigências complexas e pesadas para poder pertencer ao conjunto de uma disciplina.
O autor ainda destaca outro grupo de procedimentos que permite o controle dos discursos que é a rarefação dos sujeitos que falam, pois “ninguém entrará na ordem do discurso se não satisfazer a certas exigências, ou se não for, de início, qualificado para fazê-lo”. Ele ainda destaca as “sociedades do discurso”, que podem ser ordens fechadas onde se tem aquele que escuta e aquele que fala, são conhecimentos protegidos pelos membros participantes. E temos ainda as “doutrinas” que constituem o inverso das sociedades do discurso por tender a difundir-se, mas também impõem o reconhecimento da mesma verdade e a aceitação de regras de conformidade com os discursos validados.
Foucault ainda destaca o sistema de educação dizendo que “todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo” e mais diz que este sistema nada mais é do que uma ritualização da palavra.
O discurso para o autor nada mais é do que a reverberação de uma verdade nascendo diante de seus próprios olhos, é um jogo da escritura, da leitura e de troca e tais fatores jamais põem em jogo senão os signos. E afirma ainda que devemos questionar nossa vontade de verdade; restituir ao discurso seu caráter de acontecimento; e suspender a soberania do significante.